Dia da Família30 Out a 30 OutLocal: Cinema e Auditório | CCBB SP Horário: Domingo, às 15h O programa, dedicado ao entretenimento de toda a família, chega ao seu quarto ano consecutivo. Celebra o caráter lúdico da arte ao oferecer atividades ligadas ao cinema, teatro e oficinas artísticas, unidas em torno de um tema sempre divertido.
Zeca e Joca (Pat & Mat) foram criados em 1976 por Lubomir Benes e Vladimir Jiranek. O sucesso da dupla de bonecos saiu de Praga, República Checa, para o mundo. Foi exibido em oito países, entre eles o Brasil, quando passou no Glub Glub. O projeto teve várias fases, mas somente os episódios mais antigos foram exibidos no Brasil, pela TV Cultura, do começo até metade da década de 90, enquanto o programa dos peixinhos esteve no ar. A cada episódio eles criam as mais complicadas situações para tentar resolver um problema.
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Decoração, Arte e Pesquisa, estas e outras atividades me cativaram e me levaram a criar este blog com a intenção de compartilhar não apenas o gosto por quadros, mas também pela importância da arte na sociedade e as pesquisas acadêmicas nesta área. Como Artista Plástica, professora e pesquisadora na área da educação espero poder trazer contribuições interessantes a tod@s aqueles que buscam aplicar a arte no seu dia a dia, sejam bem-vind@s...
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sexta-feira, 28 de outubro de 2011
ZECA E JOCA - CCBB 30/10
Esta programação no CCBB me fez recordar um dos programas de que eu mais gostava... eu ria muito.
Arqueólogos e restauradores protegem a arte em zonas de guerra
Dias antes de deflagrarem os primeiros ataques aéreos à Líbia em março, na guerra que levou à morte o ditador Muammar Gaddafi na semana passada, tropas da Otan receberam um relatório com coordenadas dos sítios arqueológicos do país para evitar que fossem bombardeados.SILAS MARTÍ
Quando o conflito avançou e rebeldes tomaram Trípoli, dois agentes militares com especialização em arqueologia foram à Líbia para ver de perto os estragos da guerra.
Agora, com o leste do país sob controle das forças aliadas, uma nova missão, com restauradores e outros especialistas, está sendo planejada, para ver o que ficou de fora das primeiras inspeções.
Cada vez que uma guerra ou desastre natural ameaça o patrimônio histórico e artístico de um país, agentes do Escudo Azul, órgão internacional que tem o mesmo peso que a Cruz Vermelha nas Nações Unidas, entram em ação em missões desse tipo.
Em tempos de guerra, esse é o segundo destino mais comum de obras de arte. Ou são destruídas no conflito ou acabam surrupiadas para engrossar coleções ilegais -o tráfico de obras movimenta, segundo Desmarais, cerca de R$ 10,6 bilhões a cada ano.
E agentes trabalham nas duas frentes. Foi o Escudo Azul que repassou as coordenadas de sítios históricos aos militares na Líbia, enquanto o Icom, associado a esse órgão, elabora listas de peças em risco e repassa a informação a agentes da Interpol.
No levante contra o ditador Hosni Mubarak, no Egito, houve saques ao Museu Egípcio e sítios arqueológicos também estavam ameaçados.
DESASTRES NATURAIS
Em casos de desastres naturais, como o terremoto que arrasou o Haiti no ano passado, grupos como o Escudo Azul ou o Instituto Brasileiro de Museus, órgão do Ministério da Cultura, também coordenam ações de resgate.
Na presidência rotativa do Ibermuseus, conselho dos museus ibero-americanos, o Brasil está envolvido na reconstrução de um museu de arte naïf em Porto Príncipe.
Nos primeiros dias depois da catástrofe, homens do Escudo Azul foram à ilha avaliar os danos, convocando arquitetos de todo o Caribe numa equipe de 80 pessoas.
"Havia enormes rachaduras nas paredes e não pudemos entrar em muitos museus", lembra Schuler. "Tivemos de trazer mais especialistas para resgatar objetos."
Desafios do Ensino de Arte
Um
dos grandes desafios do ensino de Arte na contemporaneidade é tornar-se uma
disciplina reconhecida por alunos e professores dos outros componentes
curriculares, já que a mesma recebe ainda, o estigma de apêndice para as outras
disciplinas na Educação Básica.
A
Arte, como disciplina escolar, possibilita o estudo de saberes em arte
presentes na cultura e articulados pela linguagem verbal e não verbal, tendo
como objeto específico o conhecimento estético. Como parte de um sistema social,
carrega consigo não só reflexos ideológicos, mas uma carga ideológica, muitas
vezes a ela atribuída. Nesse sentido, reforça a desigualdade social quando
limita o acesso e o domínio dos saberes, pela distância entre este conhecimento
e as classes menos favorecidas.
Sabemos
que as linguagens da Arte ainda são pensadas no contexto da educação
institucionalizada prioritariamente como um meio eficaz para alcançar conteúdos
disciplinares com objetivos pedagógicos muito amplos, como por exemplo, o
desenvolvimento da “criatividade”, apesar desse pensamento já estar mudando em
algumas instituições de ensino. Temos hoje trabalhos divulgados acerca do
ensino dessas linguagens não como um apêndice para outras disciplinas ou
desenvolvimento da criatividade, mas como conteúdos necessários para fazer e
compreender arte.
Apesar
de todos os esforços para o desenvolvimento de um saber artístico na escola,
verifica-se que a Arte, historicamente produzida e em produção pela humanidade,
ainda não tem sido suficientemente ensinada e apreendida pela maioria dos
jovens brasileiros, pois a mesma surge como reprodução e não como reflexão na
escolarização básica sem re-significação dos conteúdos abordados, re-elaboração
dos saberes em Arte por professores e alunos.
Os
Parâmetros Curriculares Nacionais em Arte, uma das novas propostas na
atualidade para o ensino de Arte, traz como eixo principal as quatro linguagens
artísticas que podem ser trabalhadas em sala de aula, entretanto, este
documento aponta para um ensino de Arte pautado na LDB nº 5692/71 em que a
falta de uma preparação de pessoal para entender Arte antes de ensiná-la ,
gerou arte-educadores polivalentes. A nosso ver, a proposta dos PCNs na área de
Arte é ambiciosa e complicada de ser viabilizada na realidade escolar
brasileira. Para a sua aplicação efetiva, seria necessário poder contar com
recursos humanos com qualificação o que implica desde a valorização da prática
profissional até ações de formação continuada e acompanhamento pedagógico
constante, além de recursos materiais que atendessem às necessidades da prática
pedagógica em cada linguagem artística.
Sendo
assim as propostas dos Parâmetros serão realizadas apenas na medida dos
recursos humanos disponíveis. Assim, se o professor de Arte de uma dada escola
for formado em Teatro, por exemplo, será esta a linguagem artística contemplada
no currículo. Uma outra variante desta situação, que já começa a ter lugar em
estabelecimentos particulares, é a escola escolher a(s) modalidade(s)
artística(s) que considera mais conveniente(s) para os seus interesses,
contratando um professor com formação adequada. Neste caso, podem pesar
argumentos acerca da conveniência de evitar reclamações dos pais na hora de
comprar material para as aulas de Artes Visuais, ou então sobre como
determinado campo da arte pode contribuir para o marketing da escola - ao
produzir apresentações musicais, por exemplo.
Considerar
as linguagens artísticas como um ato educativo em sua relação com a educação
institucionalizada, torna-se uma experiência desafiadora no sentido de
questionarmos o ensino das Artes Cênicas, da Música, das Artes Visuais e da
Dança no âmbito do Ensino da Arte, uma vez que este ainda guarda o estigma de
ser tomado como apêndice ou auxiliar de outras disciplinas tidas como “nobres”.
Os
novos desafios desse ensino institucionalizado é poder ter as quatro linguagens
artísticas num mesmo estabelecimento de ensino, podendo o aluno ao longo de sua
formação na Educação Básica vivenciar experiências nas quatro linguagens artísticas
permitindo-lhe experienciar, fruir, contextualizar e criticar arte.
Pensamos
as linguagens artísticas como uma referência para o Ensino da Arte na escola no
sentido de permitir o vislumbre de um fazer arte crítico. Percebemos que a
experiência com essas linguagens, na escola, pode contribuir para ampliar a
capacidade dos alunos de dialogar, de tolerar, de conviver com a ambiguidade,
de compreender a arte não apenas como apêndice para outras disciplinas ou como
espontaneísmo, mas como disciplina desveladora de conhecimentos capazes de
articular significados e valores que expressam as experiências e representações
imaginárias das diversas culturas.
Pensamos
que abordar essa complexidade denominada de Arte, requer competência e
conhecimento de sua possível articulação com a prática e compreensão da
atividade pedagógica como atividade cultural, humana e historicamente situada
na dinâmica das relações sociais e práticas cotidianas. À medida que repensamos
a nossa prática também oferecemos aos nossos alunos a abertura de espaços para
usar e experienciar o conhecimento em suas várias possibilidades. A teoria,
dessa forma, vai sendo transformada em prática e vice-versa.
As
reflexões aqui abordadas, chama-nos a pensar e superar o tratamento dado ao
longo do processo histórico do ensino de Arte no Brasil em sua perspectiva
histórico-linear, que tradicionalmente tem marcado o ensino de Arte na escola.
Em seu percurso histórico a Arte foi renomeada a fim de contemplar as
produções, as criações, seguindo as tendências das pedagogias em vigor; no
entanto, é importante entender que esses diversos meios apresentados nos
documentos oficiais que regulamentam o ensino de Arte são ferramentas e não
condições para se alcançar o conhecimento em Arte.
Nesse
sentido, o valor educativo da Arte na Educação Básica se destaca, na medida em
que reconhece a Arte como componente curricular imprescindível na formação do
sujeito e para o exercício da vida cidadã.
Questões para Debate:
1. Como realizar, na sala de aula, a proposta dos
Parâmetros Curriculares Nacionais para Arte, com suas quatro modalidades
artísticas?
2. Como se estabelece a relação do aluno com a Arte?
3. Que procedimentos utilizar visando provocar
esteticamente a recepção da obra artística no aluno e no professor dos vários
componentes curriculares?
4. Como estimular o nosso aluno a empreender uma
atitude artística, produtiva, em sua relação com o mundo lá fora?
Marcilio
de Souza Vieira,
Formado em Artes Cênicas e Mestre em educação pela UFRN.
Professor da rede pública de ensino e
pesquisador do Grupo de Estudos corpo e Cultura de movimento.
ARTIGO: Propostas para a arte na educação infantil
Sílvia Sell Duarte Pillotto
A linguagem da arte na educação infantil tem um papel
fundamental, envolvendo os aspectos cognitivos, sensíveis e culturais. Até bem
pouco tempo o aspecto cognitivo não era considerado na educação infantil e esta
não estava integrada na educação básica. A Lei de Diretrizes e Bases da
Educação 9.394/96 veio garantir este espaço à educação infantil, bem como o da
arte neste contexto.
Para compreender a arte no espaço da educação infantil no
momento atual, mesmo que brevemente, é preciso situar o panorama histórico das
décadas de 80 e 90. Os referenciais que fundamentavam as práxis do profissional
da educação infantil eram os Cadernos de Atendimento ao Pré-escolar (1982),
criados pelo Ministério da Educação e Cultura – MEC. Os textos destes Cadernos
para aquele momento histórico tiveram contribuição fundamental como subsídio
para as ações dos educadores atuantes na educação infantil. Entretanto, vale
ressaltar que pouco priorizavam o conhecimento, centrando-se apenas nas
questões emocionais, afetivas e psicológicas e nas etapas evolutivas da
criança. Com relação à arte na educação, os pressupostos eram muito mais
voltados à recreação do que às articulações com a arte, a cultura e a estética.
Como exemplo, é possível citar a ênfase em exercícios bidimensionais que
priorizava desenhos e pinturas chapadas. Ou seja, os conceitos sobre arte
resumiam-se a simples técnicas. De acordo com PILLOTTO (2000, 61) “é interessante
observar que esse Caderno, embora tenha uma fundamentação teórica voltada às
concepções do ensino da arte modernista, na sua essência é muito mais
tecnicista no que diz respeito aos exercícios repetitivos, mecânicos e sem a
preocupação com a reflexão dos conceitos”.
Na década de 90, o MEC lança o Caderno do Professor da
Pré-Escola, com uma abordagem contextualista, na qual a arte deixa de ser
tratada apenas como atividade prática e de lazer, incorporando o ato reflexivo.
Apesar dessas transformações, a arte permanecia ainda com foco em abordagens
psicológicas e temáticas. A arte na educação infantil nesta década ainda
buscava uma consistência teórica, conceitual e metodológica.
A partir de 2000 as discussões reflexivas sobre a arte na
educação infantil ganham novos espaços na literatura, nas propostas
curriculares e especialmente na pesquisa. É com este propósito que em 2002
iniciou-se na Universidade da Região de Joinville a pesquisa “O Programa
Institucional Arte na Escola e sua dimensão no ensino e aprendizagem da arte”.
O objetivo desta pesquisa é avaliar reflexivamente as ações dos programas de
educação continuada para profissionais da educação, no intuito de perceber os
aspectos frágeis com relação à arte no contexto escolar, diagnosticando a
realidade para construir coletivamente novas proposições.
A pesquisa tem apontado a necessidade de novos constructos
para a arte na educação infantil, no sentido de desenvolver práxis nas quais
haja a total integração do profissional da educação infantil, do profissional
da arte na educação, das crianças, da instituição e da comunidade. Esta
abordagem tem se mostrado eficiente e consolidada para a educação infantil na
Itália, sendo disseminada em outros países. Obviamente, entende-se que cada
espaço possui especificidades próprias que devem ser respeitadas. Portanto, a
ideia não é a de adotar modelos estrangeiros, mas de tê-los como possibilidade
de referência.
A partir desta pesquisa, a proposta é apontar constructos (a
curto, médio e longo prazos), nos quais cada instituição de educação infantil
tenha um profissional habilitado no ensino da arte, capaz de desenvolver
projetos pedagógicos em parceria com os demais educadores, enfatizando os
aspectos cognitivos, sensíveis e culturais em arte.
Nesta perspectiva, entende-se por novos constructos propostas
que partem de uma visão de currículo não linear ou sistêmico, considerando o
contexto histórico-social, as necessidades e interesses das crianças, no qual
educadores, crianças, instituição e comunidade desenham um currículo que parte
do trabalho coletivo.
O planejamento no currículo, a partir da perspectiva
sistêmica, pressupõe como método de trabalho no qual professores “apresentam objetivos
educacionais gerais, mas não formulam objetivos específicos para cada projeto
ou atividade de antemão. Em vez disso, formulam hipóteses sobre o que poderia
ocorrer com base em seu conhecimento das crianças e das experiências
anteriores.” (RINALDI: 1999,113).
A partir desta visão, especificamente para a arte na educação
infantil está o educador em arte, que atua em consonância com os demais
educadores da instituição, aprofundando conceitos e linguagens da arte. A
função do profissional em arte na educação não é simplesmente ministrar aulas
fragmentadas de arte, mas, sobretudo de organizar um espaço de cultura que
possibilite a ampliação das expressões e das linguagens da criança. No que este
espaço contribui? “Ajuda para que os professores compreendam como as crianças
inventam veículos autônomos de liberdade expressiva, de liberdade cognitiva, de
liberdade simbólica e vias de comunicação”. (VECCHI: 1999, 129)
Como historicamente pode-se observar, a arte na educação
infantil possuía um perfil de recreação e de desenvolvimento emotivo e motor.
Hoje, a arte na educação infantil está em processo de rupturas e
transformações, exigindo das políticas educacionais, dos cursos de Formação de
Professores, especialmente das Licenciaturas em Arte, um comprometimento com os
aspectos cognitivos, sensíveis e culturais.
Cabe então, a todos os profissionais que atuam direta ou
indiretamente com o ensino da arte, uma reflexão não somente dos processos de
sala de aula, mas também do seu papel como cidadãos, protagonistas de uma
história.
Referências bibliográficas
GANDINI. Lella & EDWARDS, Carolyn. Bambini: a abordagem
Italiana à educação infantil. Trad. Daniel Etcheverry Burguño. Porto Alegre:
ArtMed, 2002.
EDWARDS, C., GANDINI, L., FORMAN, G. As cem linguagens da
criança: abordagem de Reggio Emilia na educação da primeira infância. Porto
Alegre: ArtMed, 1999.
PILLOTTO, Silvia S.D. A trajetória histórica das abordagens
do ensino e aprendizagem da arte no contexto atual. Revista Univille, V.5, n.1,
abr, 2000.
RINALDI, Carlina. O Currículo Emergente e o Construtivismo
Social. IN: EDWARDS, C., GANDINI, L., FORMAN, G. As cem linguagens da criança:
abordagem de Reggio Emilia na educação da primeira infância. Porto Alegre:
ArtMed, 1999.
VECHI, Vea. O Papel do Atelierista. IN: EDWARDS, C., GANDINI,
L., FORMAN, G. As cem linguagens da criança: abordagem de Reggio Emilia na
educação da primeira infância. Porto Alegre: ArtMed, 1999.
*Silvia Sell Duarte Pillotto, Mestre em Educação pela
Universidade Federal do Paraná e Doutoranda em Engenharia da Produção (Gestão)
na Universidade Federal de Santa Catarina, é professora dos Departamentos de
Artes Visuais e Pedagogia na Univille, além de coordenadora pedagógica do Pólo
Arte na Escola e coordenadora da pesquisa "O Programa Institucional Arte
na Escola na região de Joinville e sua dimensão no ensino e aprendizagem da
arte". Letícia Mognol, Mestranda em Educação na Universidade do Vale do
Itajaí, é professora do Departamento de Artes Visuais da Univille e
pesquisadora do mesmo projeto.
ESTÉTICA em Morin
ESTÉTICA em Morin
Edgar Morin: O Método 5. A humanidade da humanidade: A
identidade humana
Tradução de Juremir Machado da Silva
2ª. Edição 2003.
Páginas 132 a 141.
O estado estético
O estado estético é um transe de
felicidade, de graça, de emoção, de gozo e de felicidade. A estética é
concebida aqui não somente como uma característica própria das obras de arte,
mas a partir do sentido original do termo, aisthètikos, de aisthanesthai,
"sentir". Trata-se de uma emoção, uma sensação de beleza, de
admiração, de verdade e, no paroxismo, de sublime; aparece não somente nos
espetáculos ou nas artes, entre os quais, evidentemente, a música, o canto, a
dança, mas também nos odores, perfumes, gostos dos alimentos ou das bebidas;
origina-se no espetáculo da natureza, no encantamento diante do oceano, da
montanha, do nascer do sol. Pode vir mesmo de obras sem qualquer finalidade
estética inicial, como os antigos moinhos de vento ou as antigas locomotivas a
carvão. Também os objetos mais técnicos, como o automóvel e o avião, podem vir
a ter forte carga estética.
A estética e o lúdico têm em
comum o fato de serem a sua própria finalidade, inclusive quando comportam
finalidades utilitárias.
A estética e a despesa têm em
comum o fato de levar a um transe, que pode se sobrepor a tudo.
A estética e o imaginário têm uma
parte em comum: a estética alimenta o imaginário e é, em parte, alimentada por
ele (epopéias, romances, poesias, esculturas, etc.).
A estética e a poesia vivida têm
em comum o encantamento que podem provocar.
Admiramos a beleza das formas e
das cores no mundo vivo, a das penas dos pássaros, às vezes suntuosas como no
pavão, peles, ornamentos, como a galhada dos cervos. Certo, a concepção
utilitarista tende a reduzir as cores dos galos a um papel de sedução sexual,
as cores das asas das borboletas a distorções, as cores das orquídeas a
convites para as abelhas; e a considerar que todo ganho decorativo gera uma
vantagem seletiva. Mas um tal luxo, um tal caleidoscópio de cores, de
decorações, não transborda as funções eficazes, seletivas, adaptativas? Não
são inerentes à proliferação inventiva da vida? A magnificência destinada à
atração sexual não implica também um excesso estético, destacado por Portmann
como auto-apresentação? (Quando nos embelezamos para seduzir, o querer seduzir
explica a utilização da beleza, não a própria beleza...) A estética humana possui
uma raiz profunda, anterior ao ser humano.
Pode-se até mesmo pensar que as
figurações pré-históricas, as máscaras ditas primitivas, as pinturas com as quais
os índios da Amazônia cobrem o corpo, as penas, ornamentos, brincos ou
tatuagens dos primitivos, constituem desenvolvimentos tipicamente humanos, que
necessitam de mãos de artistas e de artesãos, de uma qualidade estética
universal oriunda da exuberância da vida, desabrochada nas florações vegetais,
nas carapaças, plumagens, peles dos animais.
Nas sociedades arcaicas,
ornamentos, músicas, cantos, danças, acompanham todas as atividades da vida,
exaltam as festas e as cerimônias. Se estas são inseparáveis de crenças e de
mitos, não cabe reduzir suas manifestações estéticas a funções mágicas ou religiosas.
Respondem também a um sentimento estético profundo, não decantado da magia, do
mito, da religião. Podemos reconhecer as estéticas dos ornamentos, das máscaras,
dos afrescos, tirando-os do contexto mágico-religioso.
Certo, os afrescos de Chauvet e
de Lascaux devem ser compreendidos em suas finalidades mágicas e os afrescos
das capelas Scrovegni e Sistina, em suas finalidades religiosas. Mas por que
gerações laicas sucessivasadmiram esteticamente, fora de qualquer fé, os
afrescos pré-históricos e os de Giotto e de Michelângelo? Toda a arte rupestre,
toda a arte mágica das culturas primitivas, máscaras, decorações, etc., todas
as artes religiosas das grandes civilizações entraram no "Museu
imaginário", ou seja, no domínio estético.
Se não se pode isolar a dimensão
estética ao estado puro na pré-história e na história humana, não se pode
tampouco eliminá-la. O próprio fato de que a dimensão estética se tenha
autonomizado e diferenciado nas civilizações modernas, em relação às
finalidades mágicas, religiosas ou culturais, indica-nos que.estava presente,
embora indiferenciada. Por isso, o mitológico ou mágico pode dar-nos a emoção
estética quando deixamos de crer no mito e na magia. Não cremos mais
literalmente nos mitos, mas aderimos esteticamente a eles.
A estética autônoma e diferenciada
é também uma última emergência da cultura moderna que desabrocha se afastando
das finalidades mágico-religiosas.
Tudo o que é mitológico, mágico e
religioso pode ser salvaguardado, fora da crença, na estética. Há uma grande
comunicação oculta ou subterrânea entre a esfera mitológica e a esfera
estética. Além disso, resta em nossa emoção estética alguma coisa de mágico. Tudo
o que é representado, sob forma de imagem mental, pintada, filmada, comporta o
"charme da imagem"; a imagem, mesmo sendo desprovida da
materialidade empírica, comporta uma qualidade nova própria a qualquer reflexo
da realidade, uma transfiguração estética, uma virtude surrealizante,
uma magia, a magia do duplo: a duplicação do universo em um universo reflexo
nos dá, , com o "charme da imagem", um êxtase propriamente estético.
O mundo contemporâneo viu o
desenvolvimento de um vasto setor estético feito para alimentar nosso
psiquismo, nossas almas. O romance ganhou espaços consideráveis no século XIX,
seguido, no século XX, pelo filme e pelas séries de televisão. A estética
contemporãnea cobre uma vasta gama, indo do mundo imaginário dos romances e dos
filmes aos espetáculos, festas, viagens turísticas para visitar monumentos e
paisagens, comportando, além disso, mil pequenos prazeres da vida, mil
pequenas satisfações gastronômicas e etílicas, mil pequenas gotas de
divertimento no cotidiano moroso, ouvindo Risos e canções ou vetado as
charges do Canard Enchainé.
Em reação à formidável invasão da
racionalização técnica em nossa civilização, músicas, cantos, danças, resistem
e menos voltam a nos invadir através do rádio, da televisão, das fitas, dos Cds,
dos shows.
Nossa estética contemporânea
alimenta-se, entre outros, de imaginário, lendas, epopéias, romances, filmes.
Embora a gente ame, ria, sofra, ao mesmo tempo que nossos heróis imaginários,
nossa consciência de que continuamos leitores e espectadores permite a emoção
pela estetização... Milagre da estética: a tragédia nos encanta na aflição
mesma que nos proporciona.
Contudo, embora guardemos uma
dupla consciência, tudo o que remete à estética penetra em nossas almas, em
nossas mentes, em nossas vidas. (Romances, filmes, revelaram-me as minhas
próprias verdades e apaixonaram o adolescente que fui).
Os filmes e as séries de
televisão nos falam, sem parar, dos problemas da vida que são os amores,
ambições, ciúmes, traições, doenças, encontros, acasos. São "evasões” que
nos fazem mergulhar em, nossas almas e em nossas existências. Os romances ou
filmei noirs, como as tragédias antigas ou elisabetanas, fazem-nos
descer aos nossos subterrâneos, nossas "cavernas interiores", onde
reinam a violência e a barbárie, ou, então, dão um impulso imaginário a nossos
desejos de aventura. O atroz em nossas vidas é transfigurado num filme e nos dá
a volúpia ou o deslumbramento no horror. O impossível é realizado, mas no
imaginário, ou seja, sem perigo. Encontramos no cinema, ao mesmo tempo, evasão
e hiper-realidade. Revela, do seu jeito, que, como dizia Franz Liszt, "as
artes são o meio mais seguro de se esconder do mundo, mas também o meio mais
seguro de unir-se a ele".
Em todos esses casos, a estética,
como o lúdico, retira-nos do estado prosaico, racional — utilitário, para nos
colocar em transe, tanto em ressonância, empatia, harmonia, tanto em fervor,
comunhão, exaltação. Coloca-nos em estado de graça, em que nosso ser e o mundo
são mutuamente transfigurados, que podemos chamar de estado poético.
O estado poético
Sem mudar de sintaxe e, com
freqüência, mantendo o mesmo vocabulário, a linguagem comporta a possibilidade
de exprimir esses dois estados da existência humana, o prosaico e o poético. Na
linguagem poética, as palavras conotam mais do que denotam, evocam,
transformam- se, em metáforas, impregnam-se de uma nova natureza evocativa,
inovadora, encantatória. A prosa denota, precisa, define. Está ligada à nossa
atividade racional – lógica – técnica.
Vivemos o estado prosaico, em
situação utilitária e funcional, nas atividades destinadas à sobrevivência, a
ganhar a vida, no trabalho submetido, monótono, fragmentado, na ausência e no
recalcamento da afetividade.
O estado poético é um estado de
emoção, de afetividade, realmente um estado de espírito. Alcançamos, a partir
de um certo limite de intensidade na participação, a excitação, o prazer. Esse
estado pode ser alcançado na relação com o outro, na relação comunitária, na
relação imaginária ou estética.
A poesia é, para Platão, uma das
quatro formas de loucura divina. Vive-se o estado poético como alegria,
embriaguez, festa, gozo, volúpia, delícia, deslumbramento, fervor, fascínio,
satisfação, encantamento, adoração, comunhão, entusiasmo, exaltação, êxtase. Volta-se
ao deslumbramento infantil. O estado poético proporciona satisfações carnais e
espirituais.
O estado poético pode ser
alcançado por diversos caminhos:
Há o caminho dos cantos, danças,
festas, que se autonomizaram e tornaram-se laicos em nossas sociedades. O ritmo
da música, a reiteração da melodia ou da melopéia, o rito cerimonial e, no
rock, o quase transe são modos de entrar em sintonia que levam ao estado
poético. Os momentos maiores da vida, do nascimento à morte, são ritmados,
cantados, dançados. As festas são os
momentos floridos da existência.
Há o caminho das bebidas
fermentadas, vinhos, licores, ervas, drogas, alucinógenos: as drogas são
freqüentemente utilizadas nas sociedades arcaicas para atingir um estado de
transe ou de meditação; com as mesmas finalidades, nossos contemporâneos as
consomem cada vez mais.
Há o caminho dos rituais,
cerimônias, cultos; pela fé e pelo rito, a religião constitui uma experiência
poética de comunhão com o ser supremo ou com as potências cósmicas. O sentimento
do sagrado, transe que transborda além da esfera religiosa, é um "elemento
da estrutura da consciência" (Mircea Eliade) característico das mais fortes
emoções poéticas.
Há o caminho da relação estética
com a natureza: a poesia chinesa, as Bucólicas e Geórgicas, de
Virgílio, mil hinos ao sol e à lua, em todas as civilizações, foram
manifestações disso; a partir de Rousseau e do romantismo, intensificou-se no
mundo ocidental, realizando-se pela pintura, pela literatura, pela poesia, mas
também diretamente nas viagens de férias; democratizou-se no século XX, com as
excursões e o turismo nos montes, nas florestas, nos oceanos, nos desertos.
Há o caminho dos espetáculos de
massa que suscitam exaltação e frenesi, como os jogos circenses entre os
romanos, e o hipódromo, entre os bizantinos; esses espetáculos comportam, hoje,
as grandes competições esportivas e os grandes concertos públicos. Os shows de
rock são festas comunitárias que suscitam entusiasmo e exaltação. Arrastados
pelos ritmos e pelo frenesi das bandas, amplificado por um som ensurdecedor, um
transe coletivo opera a sintonia entre as pessoas, a música e o universo.
Há o caminho dos jogos que,
através doi diversos tipos estabelecidos por Caillois (âgon, alea, mimicry,
ilinx), produzem um estado poético
próprio, inclusive nos jogos de vertigem que acarretam a per- da da
estabilidade sensitiva, a atração irresistível do sem fundo, ou seja, do
infinito.
Há o caminho das obras de arte,
literatura, poesia, claro, pintura, escultura, música. A música,
especialmente, é, ao mesmo tempo, meio e fim que exprime e determina'o estado
poético.
Enfim, a vida real da poesia é o
amor. Um amor nascente inunda o mundo de poesia; um amor que dura irriga de
poesia a vida cotidiana; o fim de um amor nos devolve à prosa. O amor, unidade
incandescente da sabedoria e da loucura, faz-nos suportar o destino, faz-nos
amar a vida. O amor é a grande poesia no mundo prosaico moderno e alimenta-se
de uma imensa poesia imaginária (romances, filmes, revistas).
A própria ciência tem a sua
poesia. Lautréamont cantou a beleza da matemática rigorosa. O cosmo, revelado
pela astrofísica do firri do século XX, pertence à poesia e ao mistério.
Hõlderlin disse, com razão, que
"o homem habita poeticamente a terra". Cabe~eÔmpletar: "O homem
habita poética e prosaicamente a terra". As ciências humanas tê-m-,-ã-
exceção de Huizinga, Bataille, Caillois, Axelos, Duvignaud`, ignorado uma
dimensão antropológica capital: o ser humano não vive só de pão, não vive só
de mito, vive de poesia. Vive de música, de contemplações, de flores, de
sorrisos.
O estado poético dá-nos o
sentimento de superar os nossos próprios limites, de sermos capazes de
comungar com o que nos ultrapassa.
Purga a ansiedade, a preocupação,
a mediocridade, a banalidade. Transfigura o real. Estado transfigurados e
transfigurado da existência, é, certo, precário, aleatório, mas estado de
graça.
Esse estado de graça foi definido
como estado de entusiasmo e de possessão. Platão viu no entusiasmo uma presença
divina no homem e para ele, como para nós, essa possessão divina é a melhor das
coisas.
O estado poético atinge o ápice no êxtase.
O êxtase pode ser alcançado por todas as vias indicadas, o ritual, a
possessão, o transe, a dança, a música, a fusão amorosa, os alucinógenos (era
mesmo preciso que um dia uma droga se chamasse ecstasy).
O êxtase é o máximo de realização
de si e de superação de si, da fusão bem-sucedida de si com outro ou com o
mundo, da felicidade da comunhão. É o paroxismo existencial, a realização
extrema e a verdade suprema do estado poético.
Há um êxtase de consumição, de
ruptura dos diques, de orgasmo, em que todo o ser, alma e corpo, é possuído
pelas forças ou pelos deuses que se abrigam nele. Há um êxtase de contemplação,
na qual o sujeito se encontra ao perder-se, realiza-se afogando-se num infinito
oceânico.
O êxtase é a experiência máxima
que encontra fim em si mesma e ganha valor supremo: é o apogeu da festa, o
ápice da mística, o cume do amor.
O amor dá-nos o êxtase psíquico e
ô êxtase físico; o êxtase psíquico parte da contemplação, da admiração e leva à
adoração; o êxtase físico, orgasmo, faz jorrar, entrar em fusão, extravasar em
nossas existências as energias profundas do cosmo. O amor é a religião do
individualismo moderno" porque une – em nós – os dois êxtases, formas
supremas da experiência poética, ao mesmo tempo as mais universais e as mais
comuns.
Os dois seres que coexistem em
nós, o do estado prosaico e o do estado poético, são o mesmo. Prosa e poesia
são complementares, antagônicas em yin n yang e podem conter-se uma na outra. A
dominância da prosa contém instantes poéticos; a dominância da poesia contém
instantes prosaicos.
Nas sociedades arcaicas, havia
forte alternância entre uma vida cotidiana frugal, parcimoniosa, submetida às
normas e interdições, e a vida de festa, caracterizada pela anulação dos
limites e dos tabus, pelas danças, orgias, embriaguez, excessos, desperdícios,
exaltações, verdadeiras despesas. E se o sentido da festa, recorrendo ao caos
genésico, era de regenerar o ciclo dos
dias, o sentido de ciclo estava na preparação e na exaltação da festa".
A civilização ocidental
contemporânea mais ou menos suplantou a alternância vida cotidiana/festa com a
alternância trabalho/lazer. O lazer remete a iniciativas individuais, à busca
da alegria (noites com amigos, bebedeiras, arruaças, bailes), à busca de poesia
vivida
(férias, turismo, jogos e,
sobretudo, amores) ou por procuração (filmes, estrelas). Contudo, o trabalho
pode comportar poesia ou mesmo viraria quando se trata de uma atividade rica em
iniciativa, em criatividade, em participação afetiva, como a do artesão, do
artista, do advogado, do parlamentar.
O interesse mercantil compreendeu
bem e utilizou a necessidade de poesia. O universo lúdico – estético – poético
foi absorvido pela economia do espetáculo – esportes, concertos, cinema,
televisão.
A prosa da nossa civilização, o
primado do econômico, a invasão do tempo cronometrado em detrimento do tempo
natural, o aumento da pressão das cadeias tecnoburocráticas sobre um mundo fragmentado,
compartimentado, atomizado, monetarizado e, recentemente, o desabamento das
grandes esperanças poéticas de mudar de vida, seguido pela explosão discursiva
da prosa do liberalismo econômico triunfante (será morto por sua prosa), tudo
isso estimula, por efeito contrário, as resistências poéticas na sociedade
civil, com, cada vez mais, a necessidade de aventuras, de música por meio de
aparelhos de rádio, fitas, Cds, shows, bailes, festas, raves, detonação. É,
segundo a expressão de Michel Maffesoli, o retorno de Didnisos. Quanto mais a prosa invade a vida, mais a
poesia reage.
O estado poético não pode ser
considerado como um epifenômeno, uma superestrutura, um divertimento da
verdadeira vida humana. É, ao contrário, o estado pelo qual nos sentimos na
"verdadeira vida". Rimbaud exprimiu a consciência de que, no mundo
da prosa, "a verdadeira vida está ausente". Realmente, a verdadeira
vida é poética. Viver poeticamente é viver por viver, e viver por viver é viver
poeticamente. A poesia não é somente nem principalmente viver de gozo, mas ela
nos faz ter acesso ao gozo de viver. Enquanto o estado prosaico tem sempre finalidades exteriores, o estado
poético, que pode estar ligado a finalidades religiosas, comunitárias, amorosas,
é, ao mesmo tempo, sempre o seu próprio fim. A finalidade da poesia é ela
mesma: fazer com que o transe proporcionado se torne realidade.
A vida poética está irrigada em
profundidade pelo pensamento analógico – simbólico – mitológico. O amor,
emergência suprema de poesia, vive de símbolos, cria o seu mito e a sua magia.
Novalis dizia que a poesia é a religião nascida da humanidade. Digamos que é a
sua religião secreta, invisível, permanente.
Tudo se comunica entre
imaginário, jogo, estética, despesa, poesia. Assim, a festa reúne a consumição,
o jogo e a estética na embriaguez, na confraternização, na música, na dança e,
dessa forma, transfigura a vida.
A poesia comporta, certo, perigos
para a pessoa e para a comunidade. A consumição roça a autodestruição. O amor
é uma aventura que contém o risco da ilusão e da mentira e que pode degradar-se
em intoxicação e terminar tragicamente. O jogo obsessivo torna-se addiction,
mania fatal, assim como o uso obsessivo de drogas ou de alucinógenos. O avaro
acha poesia no seu ouro (Harpagão: "Meu ouro, meu rico ouro"). Os
frenesis podem conduzir ao crime. As exaltações comunitárias, étnicas,
nacionais ou religiosas, alimentam as violências fanáticas. Ludens e consumans
podem transformar-se em demens.
Por outro lado, a perda de todo o
fundamento do pensamento e do mundo, próprios do niilismo contemporâneo, levou
a uma estranha inversão: a utilidade foi invadida pela estética, o sério foi
tomado pelo jogo, "atividade sem outro sentido, que não o seu próprio,
livre da servidão do fim", segundo a expressão de Frobenius. A ação
revolucionária e a guerra tornaram-se, para aventureiros, grandes jogos nos
quais se joga a vida.
Honro complexos
Se o homo é, ao mesmo tempo, sapiens
e demens, afetivo, lúdico, imaginário, poético, prosaico, se é um animal
histérico, possuído por seus sonhos e, contudo, capaz de objetividade, de
cálculo, de racionalidade, é por ser homo complexus`.
Assim, se há realmente homo sapiens,
economicus, prosaicus, há também, e é o mesmo, o homem do delírio, do jogo,
da despesa, da estética, do imaginário, da poesia. A bipolaridade
sapiens-demens exprime ao extremo a bipolaridade existencial das duas vidas que
tecem as nossas vidas, urna série, utilitária, prosaica, a outra lúdica,
estética, poética. A brecha entre o real e o espírito humano é, incessantemente,
atravessada seja por redes de racionalidade que estabelecem a comunicação,
seja invadida pelas potências afetivas ou fantasmáticas que penetram o real e
confundem-se com ele.
O ser humano é bipolarizado entre
demens e sapiens. Mais ainda, sapiens está em demens e demens está em sapiens,
ens, em yin yang, um contendo o outro. Entre ambos, antagônicos e complementares,
não existe fronteira nítida; há, sobretudo, eflorescências da afetividade, da
estética, da poesia, do mito. Uma vida totalmente racional, técnica e
utilitária seria não apenas demente, mas inconcebível. Uma vida sem nenhuma
racionalidade seria impossível. É a racionalidade que permite objetivar o mundo
exterior e operar uma relação cognitiva prática e técnica.
O ser humano não vive só de
racionalidade e de instrumentos; gasta-se, dá-se, entrega-se nas danças,
transes, mitos, magias, ritos; crê nas virtudes do sacrifício; viveu o
suficiente para preparar a sua outra vida, além da morte... As atividades do
jogo, de festa, de rito, não são simples distrações para se recuperar com
vistas à vida prática ou do trabalho; as crenças em deuses e nas idéias não
podem ser reduzidas a ilusões ou superstições: têm raízes que mergulham nas
profundezas humanas. Há relação manifesta ou subterrânea entre o psiquismo, a
afetividade, a magia, o imaginário, o mito, a religião, o jogo, a despesa, a
estética, a poesia; é o paradoxo da riqueza, da prodigalidade, da infelicidade,
da felicidade do homo sapiens-demens.
Através da trilogia do espírito,
da afetividade, do anel que liga e opõe racionalidade, afetividade, imaginário,
mito, estética, lúdico, despesa, o ser humano vive sua vida de alternância de
prosa e de poesia, em que a privação de poesia é tão fatal quanto a privação de
pão.
“O Estranho Mundo de Tim Burton”
O universo ficcional absolutamente particular de Tim Burton é o centro de “O Estranho Mundo de Tim Burton” (Ed. Leya, 323 pags.), de Paul A. Woods, O livro Reúne curiosidades, textos e entrevistas sobre Burton, disseca em ordem cronológica os filmes e o seu criador. Toda a trajetória do diretor é contada através de textos jornalísticos e entrevistas, mostrando em detalhes não apenas o crescimento profissional e pessoal de Burton, mas também o que se passava com a sociedade norte-americana na época e como seus filmes eram recebidos pelo público e pela crítica.
No livro é possível descobrir que Burton era um garoto isolado; que uma vez seus pais fecharam a janela de seu quarto com tijolos; que a maioria de suas produções tem referências a filmes antigos; que ele trabalhou na Disney; que uma de suas namoradas salvou sua vida e muito mais. Em O estranho mundo de Tim Burton pode-se mergulhar no mundo do genial diretor, entender sua “estranheza”, e sair ileso dessa viagem maluca.
BEUYS E BEM ALÉM - ENSINAR COMO ARTE
BEUYS E BEM ALÉM -
ENSINAR COMO ARTE
alimenta-se da produção artística
e do ensino de arte de Joseph Beuys, articulador da idéia de “escultura social”
e um dos maiores artistas da segunda metade do século XX. Essa exposição
de obras da Coleção Deutsche Bank pareia sua produção artística seminal
à de seus alunos, lado a lado
com o trabalho de Nelson Leirner
e de artista influenciados por
seus ensinamentos e sua obra.
Coloca também a produção dos
dois mestres e respectivos alunos
à sombra de uma empreitada
pedagógica que quer ser entendida
como questionamento do sistema de artes.
A mostra colaborativa entre o Deutsche Bank e o Instituto Tomie Ohtake reflete um compromisso compartilhado em
apoiar o trabalho de professores e promover um programa educacional voltado para os mesmos.
13 SETEMBRO A 6 NOVEMBRO 2011 NO INSTITUTO TOMIE OHTAKE
http://www.institutotomieohtake.org.br/programacao/expocartaz/tecartaz.htm
ENSINAR COMO ARTE
alimenta-se da produção artística
e do ensino de arte de Joseph Beuys, articulador da idéia de “escultura social”
e um dos maiores artistas da segunda metade do século XX. Essa exposição
de obras da Coleção Deutsche Bank pareia sua produção artística seminal
à de seus alunos, lado a lado
com o trabalho de Nelson Leirner
e de artista influenciados por
seus ensinamentos e sua obra.
Coloca também a produção dos
dois mestres e respectivos alunos
à sombra de uma empreitada
pedagógica que quer ser entendida
como questionamento do sistema de artes.
A mostra colaborativa entre o Deutsche Bank e o Instituto Tomie Ohtake reflete um compromisso compartilhado em
apoiar o trabalho de professores e promover um programa educacional voltado para os mesmos.
13 SETEMBRO A 6 NOVEMBRO 2011 NO INSTITUTO TOMIE OHTAKE
http://www.institutotomieohtake.org.br/programacao/expocartaz/tecartaz.htm
LOCALIZADOS QUADROS DE PICASSO ROUBADOS
Dois quadros de Picasso roubados em 2008 foram localizados em Belgrado, segundo informou o ministro do Interior sérvio, Ivica Dacic, nesta quarta-feira.
As peças são "Tête de cheval" (1962) e "Verre et pichet" (1944), avaliadas em milhões de dólares, segundo declarou Dacic à agência de notícias Tanjung.
Os dois quadros foram roubados de uma exposição no centro cultural da localidade suíça de Pfaffikon, embora sejam propriedade do Museu Sprengel de Hannover, na Alemanha.
Dacic declarou que as pinturas foram localizadas pelo serviço sérvio de luta contra o crime organizado em cooperação com a Polícia suíça. A Suíça solicitou à Sérvia a devolução dos quadros.
Africanofagias Paulistanas
A Secretária do Estado da Cultura e a Pinacoteca do Estado de São Paulo celebram o mês da Consciência Negra e o Ano Internacional dos Afrodescendentes com o programa Africanofagias Paulistanas, que durante todo o mês de novembro apresenta debates com especialistas, visitas temáticas acompanhadas de oficinas poéticas, de apresentações musicais e de artes cênicas.
Africanofagias Paulistanas é um projeto inspirado na antropofagia de Oswald de Andrade que pretende proporcionar ao público atividades que destacam a presença africana na história da cidade de São Paulo, misturada às heranças indígenas e europeias. A programação inclui atividades no Museu de Arte Sacra e no Museu da Língua Portuguesa.
Programação:
Mesas Redondas:
Participação condicionada à ordem de chegada e à capacidade de 150 lugares.
No auditório da Pinacoteca do Estado, aos sábados, das 10h às 13h.
05/11/11 - Tema: Os africanos nas terras paulistanas.
Apresentação e discussão de pesquisas histórico-antropológicas relacionadas à presença africana na cidade com os palestrantes: Dra. Regiane Augusto de Mattos, Doutorando Milton Silva dos Santos e Professora Dra.Vanicléia Silva Santos.
12/11/11 - Tema: Negro paulistano me tornei, na metrópole que adotei.
Apresentação das trajetórias de personalidades negras que migraram para São Paulo, e que aqui constituíram as suas biografias. Os palestrantes são: Professora Dra. Ligia Ferreira, Dra. Flávia Rios, Professor Dr. Nelson Inocêncio..
19/11/11 - Tema: Africanizando o cotidiano paulistano.
Tratará da presença africana nas ações do dia a dia, desde os modos de expressão oral às práticas populares religiosas e festivas a partir das pesquisas do escritor e jornalista Oswaldo de Camargo; da artista plástica, folclorista e escritora Raquel Trindade; e do escritor, poeta . Dr. Luiz Silva ou Cuti e Allan da Rosa.
26/11/11 - As vertentes das expressões artísticas afro-brasileiras na cidade: continuidades. Conversa com representantes dos coletivos de teatro e grupos musicais, com foco sobre os processos de criação cênica e musical que se referem às tradições africanas e afro-brasileiras como fonte de pesquisas e as trazem para o espaço urbanidade. Mediação do jornalista e idealizador da revista de cultura urbana “O Menelick 2.Ato: Afrobrasilidades e afins” José Nabor Júnior.
Apresentações de artes cênicas e de música:
Todas ocorrem no espaço Octógono, aos sábados, 16h/18h.
05/11/11 - O canto das lavadeiras e rezadeiras que se faz presente com o requinte da batucada de terreiro no samba do Curimba, núcleo formado por pastoras do Grêmio Recreativo de Resistência Cultural Kolombolo Diá Piratininga para difundir o samba paulista e seus mestres.
12/11/11 - O som que integra a vitalidade percussiva das festas de Maracatu com o improviso dos Mcs do rap do grupo Zinho Trindade e o Legado de Solano.
19/11/11 - Companhia de Arte Negra As Capulanas. Nesta apresentação elas mostram o trabalho "Quando as palavras sopram os olhos... Respiro!", inspirado no livro “Cartas para minha mãe”, de Teresa Cárdenas.
26/11/11 - Grupo Clariô de Teatro apresenta a peça “Urubu come carniça e voa”, montagem inspirada nos textos de João Flávio Cordeiro, o Miró de Muribeca, poeta negro pernambucano que faz da poesia a maneira mais concreta de responder a violência sofrida e observada por ele cotidianamente.
-
Mais informações:
Pinacoteca do Estado de São Paulo
Praça da Luz, 2, Luz, tel. (11) 3324-1000 . Ter. a dom., 10h/18h. www.pinacoteca.org.br
Museu de Arte Sacra de São Paulo
Luz: av. Tiradentes, 676 (estac. gratuito à r. Jorge Miranda, 43), Metrô Tiradentes, tels. (11) 3326-3336 / 5393. www.museuartesacra.org.br
Museu da Língua Portuguesa
Luz: Praça da Luz, s/nº, tel. (11) 3326-0775 . www.museudalinguaportuguesa.org.br
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