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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A LENDA DE PIGMALIÃO E O PERÍODO PALEOLÍTICO


A lenda de Pigmalião e Galatéia é originária da ilha de Chipre, onde havia um importante santuário dedicado a Afrodite, em Palea Pafos ("a antiga Pafos"), ativo até o século IV. "Pigmalião" é a versão grega de Pumayyaton, nome de um rei fenício que viveu em Tiro, entre -820 e -774No mito, Pigmalião (gr. Πυγμαλίων) era um exímio escultor cipriota que, horrorizado pelo comportamento indecente das mulheres de Chipre, optou por viver isolado e imerso em seu trabalho. Mas, como não era insensível à beleza feminina, esculpiu uma imagem de mulher, em marfim, para fazer-lhe companhia. A figura esculpida era de uma beleza tão grande, parecia tão viva, que o escultor apaixonou-se por sua obra... Beijava-adava-lhe roupas e jóias, e chamava-a de Galatéia. Depois de algum tempo, tão atormentado ficou que implorou a Afrodite, durante um festival em sua honra, que lhe permitisse encontrar uma mulher igual à estátua de marfim.A deusa ouviu a súplica e, benévola, atendeu em parte o pedido. Quando Pigmalião regressou à sua casa, a estátua de marfim ganhou vida e se tornou sua esposa. Tiveram um filho, Pafos, epônimo da cidade cipriota de Pafos, e uma filha, Metarme.


Esta relação da arte com a realidade, na qual não existe oposição, mas sim a realização daquilo que se deseja, está presente no desenvolvimento da arte rupestre, especialmente nas pinturas primitivas do Período Paleolítico:

A arte do Paleolítico refere-se ao início da história da arte e a mais antiga produção artística de que se tem conhecimento. A arte deste período situa-se na Pré-História, no Paleolítico (Idade da Pedra Lascada), e tem início há cerca de dois milhões de anos estendendo-se até c. 8 000 a.C. Dentro desse período ainda existem duas subdivisões: o Paleolítico Inferior (5000.000 – 30.000 A.C.) e o Paleolítico Superior (30.000 – 8.000 A.C.). neste período destacam-se as pinturas rupestres. Mas, qual seria a finalidade da pintura para os homens primitivos, seria para expressar algum sentimento? Ou seria apenas ornamental?
“Sabemos que era a arte dos caçadores primitivos, homens que viviam num nível econômico improdutivo e parasitário, tendo de coletar ou capturar seu alimento em vez de produzi-los eles próprios; homens que segundo tudo leva a crer, ainda viviam num estágio do individualismo primitivo, de acordo com padrões sociais instáveis, quase inteiramente desorganizados, em pequenas hordas isoladas, que não acreditavam em deuses nem na existência de um mundo e de uma vida para além da morte. Nessa época de vida puramente prática, tudo gravitava, como é óbvio, em torno da mera subsistência, e nada justifica, portanto, supormos que a arte servia qualquer outro propósito que não fosse o de constituir um meio para a obtenção de alimentos. Todas as indicações apontam, mais exatamente, para o fato de que se tratava  do instrumento de uma técnica mágica e, como tal, tinha uma função inteiramente pragmática que visava alcançar objetivos econômicos diretos” (HAUSER, 1998, p. 4)
Ou seja, a pintura desenvolvida durante o período paleolítico tinha um sentido mágico, era uma espécie de “armadilha” para os animais que garantiam o sustento dos caçadores-pintores. Pois, tudo leva crer que “o desenho era ao mesmo tempo, a representação e a coisa representada, o desejo e a realização do desejo”, uma vez capturada a imagem do animal, assim seria capturado o próprio animal. Para a eficácia deste ritual, a pintura desenvolvida é naturalista, ou seja, busca expressar exatamente o que se vê, com fidedignidade, neste caso com a clara intenção de substituir o objeto, caso contrário não teria sentido. É interessante notar a noção de continuidade da arte para a realidade, não há qualquer distinção entre o real e a representação pictórica.
Da escultura paleolítica são famosas as estatuetas femininas de pequenas dimensões designadas genericamente por vênus. Identificadas como possíveis ídolos para o culto da fertilidade e sexualidade estas figuras apresentam características semelhantes entre si; são representadas nuas, de pé e revelam os elementos mais representativos do corpo feminino em linhas exacerbadas.

Confiram algumas imagens do grande complexo de cavernas existentes em Lascaux na França:



Imagens da estatueta "Vênus":


referência bibliográfica: HAUSER, Arnold. HISTÓRIA SOCIAL DA ARTE E DA LITERATURA. SP, Martins Fontes, 1998.
Karina Rodrigues

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